sexta-feira, 18 de abril de 2008




I am the escaped one,
After I was born
They locked me up inside me
But I left.
My soul seeks me,
Through hills and valley,
I hope my soul Never finds me.

Fernando Pessoa

sábado, 12 de abril de 2008

OK, não vou mais.


E nem queria.
Aos jogos, sim, que me apraz assaz veraz o desporto - espicaça a mente e estimula o espírito, afora os benfazejos resultados no corpo.
Mas não vou mais à China esse ano. E nem nos próximos, a não ser que seja pra protestar. Contra um monte de coisas. Contra as violações dos Direitos Humanos, contra a censura, contra a atitude chinesa no mercado mundial, contra o Unipartidarismo, contra as restrições no Tibet.
Sou um Plutocrata Pragmata, só acredito na liberdade. Sou um iconoclasta, não vou atrás de histórias da carochinha de governo nem partido nenhum.
Estou deliberada e assertivamente boicotando os Jogos Olímpicos de Beijing. Eles que se cocem. E se quiserem mais, é só pedir, que eu sou pau pra toda obra. Se a tocha vier pra Wuppertal, eu apago (olha que se bobear eu vou lá apagar ela em outro lugar que ela passar também).
Sim, sim, a gente tem problemas do mesmo gênero ou parecidos aqui (aí) na Latinamérica, um monte de gente doente e passando fome, que não sabe escrever, censura nos nossos hermanos (no Brasil não? cadê o documentário "Cidadão Kane", sobre Roberto Marinho, que eu só vejo no submundo em cópias piratas?). Mas tudo faz parte da mesma realidade, é uma questão de princípio. E isso eu não vou jogar fora, por que não achei no lixo (e olha que eu encontro muita coisa útil e bonita no lixo).
Quanta burrice existe no mundo. Ora, faça-me o favor.


PS: (ouça mais música).

segunda-feira, 7 de abril de 2008





Então eu pisaria descalço no capacho da entrada da minha casa de manhã e ouviria de repente o zunido do vento passando por debaixo dos pés enquanto ele, capacho voador, me levaria pela janela entreaberta da escada do edifício. Passaríamos por cima do jardim, dos trilhos de trem, da fábrica de aspirina, por cima da Friedrich-Ebert Strasse e subindo mais, o outro lado do vale. Eu voaria por cima da Alemanha e da França, espantaria os camponeses do século vinte e um na Normandia, e por cima do Oceano Atlântico, entraria como um relâmpago pelas nuvens de tempestade e sombrearia pontual os Caboverdeanos, os Madeirenses, as baleias, os monstros marinhos, os japoneses escondidos, até ver a beira mansa duma praia brasileira, meu nariz cheio de ar salgado e cheiro de peixe e de gaivotas. Meu capacho voador riscaria o céu da Serra do Mar e flutuaria até a janela do seu apartamento, por onde eu entraria e te veria pelo espelho do quarto, os olhos enormes de susto e prazer.